O que passa por almas e mentes e corações só quem enxerga além do próprio pensamento pode compreender. Aqui deixo apenas indagações, já que as respostas nunca serão as mesmas para as mesmas perguntas.
"Quando orientas a proa visionária em direção a uma estrela e desdobras as asas para atingir tal excelcitude inacessível, ansioso de perfeição e rebelde a mediocridade, levas em ti o impulso misterioso de um ideal. É a áscua sagrada capaz de te preparar para as grandes ações. Cuida-a bem; se a deixares apagar, jamais ela se reacenderá. Se ela morrer em ti, ficarás inerte, fria bazófia humana."
Na última aula de Políticas Públicas de Segurança que estou cursando nesse semestre, durante uma discussão sobre as múltiplas formas de violência que afligem a nossa sociedade, ouvi de um colega o seguinte questionamento sobre as possíveis causas da violência contra a mulher: "Será que o alcoolismo não é uma das causas da violência contra as mulheres?" Refletindo sobre a questão, e depois do debate acalourado que ela suscitou, cheguei a conclusão de que, em certa medida, o álcool pode até potencializar uma situação de violência contra a mulher, mas não elimina a relação de dominação de gênero. O cara, depois de beber todas, pode quebrar a cara do chefe, do vizinho, do irmão. Por que a mulher? É muito forte, e tantas vezes tão sutil, a expressão/reprodução dessa cultura paternalista e machista que ainda existe em nossa sociedade e que permeia as relações de gênero, ainda marcadas pela dominação dos homens sobre as mulheres. Esta sim é uma das principais causas. E mais forte e preocupante é a sua expressão através da violência, ou de opiniões vindas de quem deveria pensar políticas que efetivamente garantam às mulheres uma vida sem violência.
Segundo a Cabala, ela teria sido a primeira mulher que habitou (e povoou) o nosso planeta. Já a mitologia hebraica considerou Lilith, e não Eva, a primeira esposa de Adão. E segundo o cristianismo, ela nada mais foi que a serpente que levou Eva a cometer o "pecado original". Eu confesso que, até descobrir que Adão já era adulto quando foi criado por Deus, eu resistia em acreditar naquele mito de que a mulher foi tirada da costela de um homem - pois considerava o leite materno indispensável para qualquer recém-nascido. Portanto, para mim, Lilith foi sim a primeira, serpente ou santa, mãe, irmã e amante. A Deusa da Noite, mas que deu a luz a vida. Afinal de contas, seria mais lógico, natural e coerente que o primeiro ser criado por Deus fosse dotado de útero, fertilidade e seios fartos. Neste caso, a primeira. Assim a costela de Adão teria sido poupada.